A Igreja Verdadeira ou utopia cristã

A Igreja Verdadeira ou utopia cristã

O primeiro sermão público de Jesus – O grande valor universal – a felicidade

Também conhecido como o Sermão da Montanha que compõem os capítulos 5, 6 e 7 do Evangelho segundo São Mateus, Jesus fundamenta os pilares do cristianismo dentre os quais os valores a serem esperançados e os procedimentos – caráter – daqueles que o poderão alcançar. Visto que tais valores éticos são inalcançáveis ao homem natural, Jesus deu-se a si para que nele se cumprisse toda justiça e por seu intermédio alcançaríamos a salvação. Como mudar as bases não seria solução Ele vaticinou declarou as pessoas mais suscetíveis de alcançar tal privilégio conforme Mateus 5:1 a 8:4
“Felizes são os que são amáveis e têm misericórdia dos outros, porque a eles se mostrará misericórdia”. 8 “Felizes os que tem coração puro, porque verão a Deus”. 9 “Felizes aqueles que procuram promover a paz - pois serão chamados Filhos de Deus”. 10 “Felizes aqueles que são perseguidos por serem justos, pois o Reino dos Céus é deles”.
Mateus 5:7-10

No dia de Pentecostes inaugura-se de forma fenomenal, sobrenatural de fato, a descida do Espirito Santo e, como aceito por muitos, a criação da Igreja Cristã, mesmo que não fosse assim designada naquele momento. Tal fato está registrado no livro de Atos dos Apóstolos Capítulos 2, 3 e 4  como uma materialidade factual descrita em
Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum [...]. Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade (4.32,34,35).
A plenitude do Espírito (4.31) manifesta-se através da unidade espiritual e do amor solidário.
John Stott diz que a plenitude do Espírito se evidencia tanto nos atos como nas palavras, tanto no serviço como no testemunho, tanto no amor pela família como na proclamação ao mundo.139
O fato de Pedro e João terem sido presos, interrogados e ameaçados não afetou, de maneira alguma, a vida espiritual da igreja, pois ela continuava unida (4.32), com grande poder (4.33) e multiplicando-se (4.32).140

Destacamos aqui três verdades preciosas.

Em primeiro lugar, o amor traduzido em ação (4.32, 34,35). Lucas relata esse fato, como segue:
Crentes cheios do Espírito têm o coração aberto e o bolso também.

O amor não consiste naquilo que falamos, mas no que fazemos.
A comunhão passa pelo compartilhar.
A unidade da igreja transformou-se em solidariedade.
Pessoas eram mais importantes do que coisas, pois os crentes
1)      adoravam a Deus,
2)      amavam as pessoas e
3)      usavam as coisas.

John Stott destaca que a venda de propriedades era vo­luntária e esporádica, à medida que surgia a necessidade de dinheiro.141
Adolf Pohl diz que aqui não se ensaiava um novo modelo social nem se definia um novo “conceito de proprie­dade”.142
William Barclay é claro nesse ponto: “A sociedade chega a ser verdadeiramente cristã não quando a lei nos obri­ga a repartir, mas quando o coração nos move a fazê-lo”.143
O reformador João Calvino, já no século XVI, ao analisar o texto em questão, escreve de forma vivida:
“Seria preciso que tivéssemos corações mais duros do que o aço para não sermos tocados pela leitura desta narrativa. Naqueles dias os crentes davam abundantemente daquilo que era deles; hoje, não nos contentamos em guardar egoisticamente aquilo que é nosso, mas, insensíveis, queremos roubar os outros. Eles vendiam os seus próprios bens naqueles dias; hoje, é o desejo de possuir que reina supremo. Naquele tempo, o amor fez com que a propriedade de cada homem se tornasse a propriedade comum para todos os necessitados; hoje, a desumanidade de muitos é tão grande que de má vontade concedem que o pobre more nesta terra e desfrute a água, o ar e o céu juntamente com eles.”[1]
Em segundo lugar, a pregação revestida de poder (4.33).
Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça.
A igreja pediu poder para anunciar a palavra com intrepidez (4.31) e Deus respondeu à oração, pois os apóstolos, com grande poder, dão testemunho da ressurreição (4.33).
 Não há pregação eficaz sem poder.
Martyn Lloyd-Jones diz que pregação é lógica em fogo.
O apóstolo Paulo instrui que a pregação deve ser feita no poder e na demonstração do Espírito (ICo 2.4; lTs 1.5).

Em terceiro lugar, o altruísmo exemplificado (4.36,37). José, a quem os apóstolos deram o sobrenome de Barnabé, que quer dizer filho de exortação, levita, natural de Chipre, como tivesse um campo, vendendo-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos.
Barnabé era um homem bom. Sempre investiu na vida das pessoas. Sempre esteve envolvido em importantes serviços para a igreja (9.27; 11.22-26,29,30; 13.1-3; 14.12,20,27,28; 15.2).
Aqui ele abre mão de uma propriedade para assistir os necessitados da igreja. Mais tarde, ele investe na vida de Saulo. Depois, investe na vida de João Marcos. Sua motivação é ajudar as pessoas e demonstrar a elas o amor de Cristo. Sua fé era demonstrada por obras. Ao ver a necessidade de outros irmãos, Barnabé vende um campo e entrega o dinheiro aos apóstolos para suprir essas necessidades. Seu amor não era apenas de palavras, mas demonstrado por meio de obras.

A fé sem obras é inútil  - Tiago 2:14-26

14 Meus irmãos, que vantagem há se alguém disser que tem fé e não tiver obras? Essa fé poderá salvá-lo?
15 Se um irmão ou irmã estiverem necessitados de roupas e do alimento de cada dia,
16 e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e saciai-vos, e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que vantagem há nisso?
17 Assim também a fé por si mesma é morta, se não tiver obras.
18 Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me tua fé sem obras, e eu te mostrarei minha fé por meio de minhas obras. 19 Crês que Deus é um só? Fazes bem, pois os demônios também creem e estremecem. 20 Mas, ó homem insensato, queres ser convencido de que a fé sem obras é inútil? 21 Não foi pelas obras que nosso pai Abraão foi justificado quando ofereceu sobre o altar seu filho Isaque? 22 Vês que a fé cooperou com suas obras, e pelas obras a fé foi aperfeiçoada. 23 Assim se cumpriu a Escritura que diz: Abraão creu em Deus, e isso lhe foi atribuído como justiça, e ele foi chamado amigo de Deus. 24 Vedes então que o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé. 25 De igual modo, a prostituta Raabe não foi também justificada pelas obras, quando acolheu os espias e os fez sair por outro caminho? 26 Pois assim como o corpo sem o espírito está morto, também a fé sem obras está morta.

As obras da fé em fato – A Igreja primitiva – As contradições teológicas

É comum nos dias de hoje, principalmente no mundo ocidental, para adaptar essa passagem de Atos dos Apóstolos aos modernos conceitos capitalistas, refutar essa passagem como se fosse um engano na interpretação dos apóstolos no qual eles esperavam a volta do Senhor Jesus já para aqueles dias e compreendendo que tal expectativa era errônea, deviam voltar ao modo de vida antigo o qual seria análogo aos dias de hoje como vivemos. Grande engano; o mundo de hoje está fundamentado nas teorias controversas de pensadores iluministas que criaram uma narrativa na qual o homem é capaz.
Aqui cabe ao leitor discernir se pela interpretação dada pelos apóstolos ou se pela teoria do engano. Não se pode negar, entretanto, que toda a luta não para e pelo evangelho, são em defesas daqueles valores como forma de comunidade ou sociedade. Evidentemente que os antagonistas negam até o fato social expresso e entendido até por cientistas sociais modernos. Jesus mudou a forma de pensar o mundo. Isso é fato.

A VERDADE PERENE...

JESUS CRISTO MUDA O MODO DE VIDA DAQUELES QUE O RECEBEM COM SENHOR E DEUS!


[1] [NE] CALVIN, John. Calviris Commentaries. Baker Books, Grand Rapids, MI. Vol. XVIII. 2009: Vol. p. 192,193.

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