A Septuaginta
Segundo Jennifer M. Dines, The Septuagint, Michael A. Knibb, Ed., London: T&T Clark, 2004 a Septuaginta é a versão da Bíblia hebraica traduzida em etapas para o grego coiné, entre o século III a.C. e o século I a.C., em Alexandria.
Dentre outras tantas, é a mais antiga tradução da bíblia hebraica para o grego, lingua frequente no Mediterrâneo oriental pelo tempo de Alexandre, o Grande. A Septuaginta, desde o século I, tornou-se a versão clássica da Bíblia para os cristãos de língua grega e foi usada como base para diversas traduções da Bíblia.[1]
Porem evidencias apontam para uma tradução progressiva iniciada com o Pentateuco nos meados do século III a.C. em Alexandria e desenvolvida aos poucos pelo Mediterrâneo Oriental. Outros livros foram traduzidos ao longo dos dois séculos seguintes.
Não é claro quando ou onde cada tradução foi realizada. Alguns livros podem inclusive ter sido traduzidos mais de uma vez, configurando diferentes versões e posteriormente revisados.[2] A qualidade e o estilo dos diferentes tradutores também variavam consideravelmente de livro a livro, indo da tradução literal, à de paráfrase e à interpretativa. De acordo com a avaliação de um estudioso "o Pentateuco foi razoavelmente bem traduzido, mas o resto dos livros, especialmente os poéticos, foram em geral mal feitos e contém mesmo alguns absurdos".[3]
A medida que o trabalho de tradução gradualmente progredia e novos livros eram adicionados à coleção, a abrangência da Bíblia grega passou a ficar um tanto indefinida. O Pentateuco sempre manteve a sua preeminência como a base do Cânon, mas a coleção de livros proféticos (a partir dos quais os Neviim foram selecionados) teve sua composição alterada por ter vários escritos hagiográficos nele incorporados.
Alguns dos escritos mais recentes, os chamados anagignoskomena, em grego, não estão incluídos no Cânon judaico. Dentre estes livros estão os Livros dos Macabeus e o Eclesiástico. Além disso, a versão da LXX de algumas obras, como o Livro de Daniel e o Livro de Ester, são mais longos do que aqueles encontrados no texto massorético.[4] Alguns livros posteriores, como o Livro da Sabedoria, II Macabeus, entre outros, aparentemente já foram compostos em grego e não em hebraico.
A autoridade do grupo mais extenso de "escritos", a partir dos quais se formou o ketuvim, ainda não havia sido determinada, apesar de que algum tipo de processo seletivo deve ter sido empregado, uma vez que a LXX não inclui outros documentos judaicos bem conhecidos como o Livro de Enoque, o Livro dos Jubileus e outros escritos que atualmente são parte da Pseudepigrafia. Não é sabido quais foram os critérios usados para determinar o conteúdo da LXX além da "Lei e dos Profetas", expressão usada muitas vezes no Novo Testamento.
Com a adoção da Seputaginta pelos primeiros cristãos, muitos judeus deixaram de usá-la, preferindo fazer novas traduções ou revisões, como a de Áquila, Símaco e a versão grega samaritana. A Septuaginta serviu de base para as antigas versões latinas, a Ítala, mas quando Jerônimo foi traduzir a Vulgata, preferiu cotejar o Antigo Testamento com um texto hebraico. A Septuaginta continuou como a versão oficial e tida como inspirada pela Igreja Ortodoxa Grega.
[1] HINNELLS, John (1984). Dicionário das Religiões. 1 1 ed. São Paulo: Círculo do Livro. p. 245. 378 páginas
[2] Joel Kalvesmaki, The Septuagint acessado em https://www.kalvesmaki.com/LXX/ texto em ingles
[3] Sir Godfrey Driver, Introduction to the Old Testament of the New English Bible
[4] Rick Grant Jones, Various Religious Topics, "Books of the Septuagint Arquivado outubro 25, 2009 no WebCite ," (Accessed 2006.9.5).
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