O que é a Verdade III
Esse é um tema muito amplo e complexo, que pode ser abordado de diferentes perspectivas filosóficas, históricas, culturais, religiosas, etc. Assim vamos aborddar o assunto pela verdade para os filósofos da antiguidade é um conceito que varia de acordo com a escola e o período filosófico. De modo geral, podemos dizer que:
Para os pré-socráticos, a verdade é a **natureza** (physis), que é o princípio de tudo o que existe e se transforma. Cada filósofo tentou identificar qual era o elemento natural que originava e explicava todas as coisas, como a água, o ar, o fogo ou o número.
Para Sócrates, a verdade é a **virtude** (areté), que é o conhecimento do bem e da justiça. Sócrates buscava a verdade através do diálogo (maiêutica), questionando as opiniões e crenças dos seus interlocutores e levando-os a reconhecer sua própria ignorância.
Para Platão, a verdade é a **ideia** (eidos), que é a forma perfeita e imutável de cada coisa. Platão distinguia o mundo sensível, que é ilusório e mutável, do mundo inteligível, que é acessível pela razão. A verdade se manifesta pela visão da ideia do bem, que ilumina e ordena todas as coisas.
Para Aristóteles, a verdade é a **essência** (ousia), que é a substância de cada coisa. Aristóteles afirmava que a verdade está na própria coisa, na sua existência e evidência. A verdade não depende da proposição, mas da coisa que é ou não é. A verdade se manifesta pela visão, que permite conhecer o ser.
Para os cínicos, a verdade é a vida natural (physei zên), que é viver de acordo com a natureza e sem se deixar corromper pelas convenções sociais. Os cínicos desprezavam os bens materiais, as honras, as leis e as normas morais. Eles praticavam uma vida simples, austera e livre.
Para os estóicos, a verdade é a razão universal (logos), que é o princípio ordenador de tudo o que existe. Os estóicos defendiam que o homem deve viver em harmonia com a razão universal, aceitando o destino e cultivando a sabedoria, a virtude e a indiferença diante das paixões.
Para os epicuristas, a verdade é o **prazer** (hedoné), que é o bem supremo e o fim da vida. Os epicuristas propunham uma vida moderada, tranquila e feliz, evitando os prazeres excessivos e os sofrimentos desnecessários. Eles valorizavam a amizade, a liberdade e o conhecimento.
Para os céticos, a verdade é **incognoscível** (akatalêpsia), pois não há critério seguro para julgar as coisas. Os céticos suspendiam o juízo sobre tudo (epoché) e buscavam uma atitude de equilíbrio, dúvida e tolerância. Eles negavam a possibilidade de um conhecimento certo e absoluto.
A verdade para os filósofos da baixa idade média é um conceito que está relacionado com a Verdade Divina, que é revelada pelas escrituras bíblicas e pela autoridade da Igreja. A filosofia medieval tentou conciliar a fé cristã e a razão, utilizando os conceitos da filosofia grega, especialmente de Platão e Aristóteles, para explicar e defender os dogmas religiosos. Alguns dos principais filósofos da baixa idade média foram:
A verdade para os filósofos da alta idade média é um conceito que também está relacionado com a Verdade Divina, mas que enfrenta alguns desafios e questionamentos. A filosofia medieval nessa fase tentou defender e explicar a fé cristã diante das perseguições e das heresias que ameaçavam a unidade da Igreja. Alguns dos principais filósofos da alta idade média foram:
Tertuliano (160-220): foi um dos primeiros padres apologistas, que se dedicaram a defender o cristianismo diante das acusações e dos ataques dos pagãos. Ele afirmou que a verdade é a revelação de Deus, que não pode ser compreendida pela razão humana. Ele cunhou a famosa frase: "Creio porque é absurdo".
Orígenes (185-254): foi um dos mais influentes teólogos e filósofos cristãos. Ele defendeu que a verdade é a interpretação das escrituras sagradas, que podem ter um sentido literal, moral ou espiritual. Ele também propôs uma visão universalista da salvação, que incluía até mesmo o diabo.
Santo Agostinho (354-430): foi o maior representante da patrística, que é a fase inicial da filosofia cristã. Ele defendeu que a verdade é a **luz divina**, que ilumina a mente humana e permite o conhecimento das coisas. Ele também afirmou que a verdade é o **amor**, que une o homem a Deus e aos outros homens.
Santo Anselmo (1033-1109): foi o fundador da escolástica, que é a fase posterior da filosofia cristã. Ele propôs o famoso argumento ontológico, que tenta provar a existência de Deus a partir da ideia de um ser perfeito e necessário. Ele também defendeu que a fé precede e orienta a razão.
São Tomás de Aquino (1225-1274): foi o maior expoente da escolástica e o principal intérprete de Aristóteles na filosofia cristã. Ele sustentou que a verdade é a **conformidade** entre o intelecto e a realidade, entre o que se pensa e o que se é. Ele também distinguiu entre a verdade **revelada**, que é acessível pela fé, e a verdade **natural**, que é acessível pela razão.
Dividi em três partes e epero que no fim delas possamos entender porque Jesus não respondeu à pergunta de Pilatos "O que é a verdade.
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